Em tempos de crise de caráter, a utilização da ética no mundo da política e do futebol torna-se cada vez mais difícil. Mais do que uma brecha legal, a quebra dos contratos entre clube e jogador é cada vez mais comum no mundo corporativo deste esporte.
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Vemos vários jogadores utilizando os mais variados argumentos, corretos ou não, para deixar seus clubes sem a necessidade de indenizar o que foi acordado em contratos assinados entre as partes.
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Para isso existe a Justiça, pois ela sempre dará a palavra final sobre como o contrato será extinto, ou não. Mas ao se aproveitar da lentidão e da morosidade do Judiciário, empresários com pouca honra e jogadores ávidos por melhores valores acabam criando situações embaraçosas que podem colocar em risco a própria carreira do atleta.
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Nesse Cabo-de-Guerra quem tem mais a perder? O Clube que terá um prejuízo financeiro ou o atleta que arrisca um período sem jogar, com a imagem de mercenário? Certamente não será o empresário, pois a única coisa que tem a perder é a oportunidade de se dar bem levando uma fortuna, caso obtenha nova negociação.
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Mas existe outra parte nessa delicada equação. O outro clube interessado no negócio. Esse, na minha opinião é o cerne da questão. No momento em que uma instituição esportiva instiga um atleta, mesmo que indiretamente, a romper unilateralmente um contrato, ele age como receptador, sem ética esportiva.
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Por isso, faço uma saudação (momentânea) ao Raí. Um clube como o São Paulo não pode ceder à tentação de negociar com um atleta nesse imbróglio judicial. Todos nós temos na memória a postura pouco respeitável e desonesta da diretoria do SC Internacional durante o caso Oscar. Repetir essa postura indigna com Gustavo Scarpa será de uma pequenez que não nos pertence.
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Também creio que a atual legislação precisa ser revista. Os clubes estão desprotegidos e os jogadores, da mesma forma, inseguros. Joias da base se veem assediados todos os dias, as agremiações que os revelam ficam à mercê de interesses de poderosos empresários que não gostam de futebol, apenas dos lucros que proporciona.
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Para finalizar, existe um ditado corporativo inglês que diz “Negócio ruim com boas pessoas podem se tornar bons, porém negócio bom com gente ruim nunca vai ser bom”.
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Abraço e boa semana para todos. Menos para quem é pilantra.
@ZeLuiz_SP