Certamente um dos maiores centroavantes da história do futebol mundial, Leônidas da Silva transformou um clube destinado a ser grande em um gigante do futebol brasileiro. Consagrado artilheiro da Copa do Mundo de 1938, na França, quando ganhou o apelido de Homem Borracha, sua popularidade inspirou até mesmo o nome de um chocolate, o Diamante Negro – famoso ainda hoje.
Foi contratado junto ao Flamengo a peso de ouro em 1942, em transferência recorde: 200 contos de réis. Sua chegada a São Paulo, em 10 de abril, na Estação da Luz, foi marcada por uma multidão em polvorosa: 10 mil pessoas conduziram o craque nos ombros até a sede do Tricolor, na Rua Dom José de Barros.
Estreou em um clássico contra o Corinthians, em 24 de maio, com recorde de público do Pacaembu até hoje. 72.078 pessoas presentes para um belo 3 a 3. Leônidas, mesmo fora de forma, foi bem, mas sua atuação não impediu que os rivais adotassem a infame alcunha de “Bonde de 200 contos”.
Apelido que desapareceu após a narração de Geraldo José de Almeida de seu gol contra o Palestra Itália, poucos dias depois: “De bicicleta!… De bicicleta meus amigos… Taí o bonde… O bonde de 200 contos!”. Bicicleta! A jogada imortalizada por ele, embora pesquisadores afirmem que não a inventou. Não importa. Sem dúvida ninguém nunca a executou com tamanha maestria.
Em 1942 o título do Campeonato Paulista bateu na trave. Um mau jogo, aliado a uma arbitragem estranha e catastrófica, de um completo desconhecido que nunca apitou nada importante antes e nem depois – além de um cenário político complexo no jogo decisivo -, impediram o sucesso do Tricolor.
Veio então a temporada de 1943. No conselho arbitral que definiria o regulamento da competição, os presidentes das equipes debatiam favoritismos, quando um dirigente afirmou que tudo aquilo não seria necessário. Que para definir o Campeão Paulista bastaria o árbitro jogar a moeda ao ar. Se desse cara, o campeão seria o Corinthians. Se desse coroa, o Palmeiras.
-“Mas e o São Paulo?” – Questionou Décio Pacheco Pedroso, presidente do Tricolor, ao que responderam: – “Só se a moeda cair em pé”.
Se era assim… O São Paulo tratou de se reforçar, contratou Zezé Procópio, Noronha, Ruy, Zarzur e Antônio Sastre – que os rivais satirizavam por “Desastre”, por considerá-lo velho. Mais uma vez o tempo seria o senhor da razão. Na última rodada do campeonato, novamente a decisão ficou entre São Paulo e Palmeiras. O Tricolor jogava por um empate para comemorar o título. E o empate veio. 0 a 0.
A moeda caiu em pé!
O São Paulo FC comemorou sua segunda conquista estadual, a primeira de sua nova vida, com uma passeata que tomou as ruas da cidade, onde justamente a principal alegoria foi um carro… Com uma moeda em pé!
Fonte:
http://www.saopaulofc.net/spfcpedia/a-historia-do-spfc/caninde/