CARACTERÍSTICAS E MODELOS TÁTICOS – IV

Blog 1 Tricolor

O 4-3-3 do início da temporada não daria certo. Modelos com a linha de 3 zagueiros não são viáveis, senão, em alguns jogos da temporada e não poderia ser funcional ao longo da desgastante temporada brasileira, então, não há nenhuma solução para montar um time com o atual elenco do São Paulo que, na minha opinião, é um bom elenco embora desequilibrado?

 

4-2-2-2 com alternância para 4-1-3-2 e 4-2-3-1, na minha opinião, seria a solução ideal para utilizar integralmente (ou quase) esse elenco de forma racional durante a temporada inteira. Rogério achou esse time durante o Campeonato Paulista, mas, o desgaste físico e a (natural) oscilação de alguns jogadores, além da falta de profundidade do elenco em algumas funções, impediram que esse modelo fosse continuado.

 

Saliente-se que, mesmo que eu entenda que o Modelo com 3 zagueiros já tenha se esgotado nesse temporada, é fácil entender a dificuldade para se retornar ao modelo descrito acima. Explico, primeiro, que o esgotamento do 3-5-2 deve-se a oscilação negativa dos nossos meias, muito em razão da pouca idade e mais ainda em razão do esgotamento físico, além da falta de adaptação e entrosamento de peças que chegaram, fazendo com que o São Paulo, nesse modelo, seja extremamente dependente das alas e, portanto, fácil de marcar por se tornar previsível.

 

O homem a mais no meio de campo, dessa forma, poderia ajudar a equilibrar o time ofensivamente e defensivamente e, também, ajudar o time a variar melhor as jogadas entre os lados e pelo meio da defesa adversária e, como um bônus, talvez utilizando o melhor de um dos nossos principais jogadores que adora jogar flutuando e se infiltrando sem uma posição fixa.

 

O grande problema? O 1º volante. Pablo Maia é um achado, mas, no primeiro ano de profissional, falta maturidade e regularidade para jogar como titular do São Paulo, sobretudo, conforme a temporada as competições vão se afunilando. Seu reserva? Então, que reserva?

 

Gabriel Neves pode ser um primeiro volante na linha de 3 ou em um time altamente ofensivo e que tenha como dogma pressionar a saída adversária, porém, fez sua carreira no Nacional jogando com um volante protegendo suas costas para ter liberdade para dar seus botes malucos mais a frente e distribuir o jogo mais perto da área, onde sua qualidade de passe, gerava diversas pré-assistências e assistências. Não acreditam? Vejam suas estatísticas.

 

Andrés Colorado, no que mostrou pelo São Paulo, e a amostra é muito pequena, não parece também não ser um cão de guarda, mas um segundo homem de campo com uma característica de maior infiltração na área adversária, mas, não parece ser um marcador intenso como o modelo exige.

 

Luan seria ideal! Sim. Mas quando Luan volta? Depois de tanto tempo parado, será que conseguirá ser o jogador que faz tanta falta ao São Paulo ainda nessa temporada? O tempo dirá, mas, até lá, como utilizar um sistema que exige um primeiro volante com substancial poder de marcação tendo apenas um jogador com essa característica no elenco?

 

Essa é a pergunta de um milhão de dólares.

 

Na teoria, que vimos um pouco na prática sem todos os jogadores necessários, um time com Igor Vinicius, Diego Costa, Léo, Reinaldo; Pablo Maia, Gabriel Neves, Alisson, Patrick; Luciano e Calleri, poderia resolver alguns dos nossos principais problemas na temporada.

 

Seja modificando a saída de 3, ora usando os zagueiros abertos com Pablo afundando, seja utilizando um lateral para sair, na força ou no passe (e ambos são capazes disso), o bom passe dos dois zagueiros poderia e o apoio do Neves se necessário, não imagino esse time tendo problemas para sair jogando pelo chão e, ainda assim, haveria a possibilidade da bola longa com gente para brigar pelo rebote do Calleri.

 

O principal, no entanto, seria que o time, espalhado em campo com Alisson e Patrick atuando como Meias pelo lado, e contando com Luciano, ora atuando como meia central e ora atuando junto do Calleri, teria opções de ataque pela esquerda e pela direita e, talvez, em ambas ao mesmo tempo com Alisson, tendo Neves, mais avançado, como um articulador e distribuidor. Neves não tem uma característica forte de infiltração para finalizar, ele, para jogar aqui, aprendeu a ficar mais, talvez, com treino, possa resolver essa lacuna do seu jogo também.

 

Com nossos laterais que não sabem marcar, o contra-ataque pelas laterais seria fatal. É uma preocupação, de fato, que, poderia ser compensada caso os laterais entendessem o pêndulo para não atacar juntos e Neves, que tem leitura tática o bastante para isso, recuasse para cobrir quando os dois atacassem juntos, o que pode ser uma opção para alargar a defesa. Os zagueiros rápidos, e por isso também a escolha por Diego e Léo, poderiam ser uma arma para compensar a fragilidade defensiva dos laterais.

 

Vale dizer, Alisson e Patrick recompõe bem pelas alas, o que também poderia auxiliar nossos frágeis laterais que, também, poderiam ser utilizados não em conjunto, mas com laterais que defendem melhor no lado oposto, o que, vale dizer, Ceni tentou fazer bastante no começo do ano. Independente disso, a ausência de velocidade, faria com que esse time dependesse bastante da proximidade e da flutuação de Luciano, como já acontece alguma vezes, porém, a presença de Alisson e Patrick, com uma característica de carregar a bola e com alguma capacidade de 1 contra 1, embora não seja o principal deles, pudesse tornar o time um pouco menos dependente.

 

Não vejo, ao menos depois da saída de Gabriel Sara, um bom reserva para o Patrick no elenco e, talvez, essa fosse uma carência a ser resolvida para a temporada que vem. Talvez Nestor, pouco competitivo para a segunda volância nesse sistema, possa ser testado ali, oferecendo uma característica diferente da Patrick por aquele lado do campo. Embora, ache que Nestor jogue melhor vindo de trás.

 

De volta, Luan seria a escolha óbvia para o lugar de Pablo Maia no time titular, enquanto, a vaga de Alisson pode ser coberta por Igor Gomes, ou Marcos Guilherme em um cenário em que velocidade para puxar contra-ataques seja essencial, enquanto a vaga de Neves, com características diferentes, pode ser preenchida por Galoppo, ao meu ver, mais ofensivo, e não com Igor e Reinaldo nas laterais, e por Thales Costa, ou mesmo por Colorado ou o próprio Rodrigo Nestor, dependendo da necessidade de ser ofensivo desse time.

 

A vaga do primeiro volante, no entanto, até Luan estar de volta e em plenas condições de combate, seria a principal dificuldade, mas, talvez desse oportunidades para Colorado mostrar que merece, ao menos, que o São Paulo tente estender seu empréstimo por mais algum tempo para que ele possa mostrar o futebol que o trouxe para o Morumbi, afinal, ele passou bastante tempo machucado desde que chegou ao Morumbi e um acordo de extensão com o Deportivo Cali não me parece um absurdo, mesmo que estouremos o número de estrangeiros no elenco.

 

Nikão seria a opção óbvia para substituir Luciano, e, inclusive, é necessário dizer que ele fez algumas partidas promissoras com a camisa do São Paulo jogando exatamente nessa posição, embora esteja, é inegável, devendo muito para a camisa que veste e pelo status com o qual chegou. André Anderson, por tudo que vimos até agora, briga por uma posição justamente nesse setor, caso, é claro, consiga voltar a jogar algum dia.

 

Bustos seria o reserva de Calleri. Característica diferente, é verdade, mas, o que mostrou em sua estreia pareceu nos dar condição de não sentir tanta falta assim do Calleri quando novo 9 e seríssimo candidato à próximo ídolo não puder jogar, até mesmo como opção de bola longa e para prender a bola no ataque. Eu não conto com Éder para mais nada nesse elenco e, sinceramente, mesmo que seja para entrar no lugar do Bustos em um jogo que Calleri não tenha sido relacionado, daria minutos ao Juan ao invés dele.

 

Na zaga. Arboleda não deve conseguir jogar pelo São Paulo esse ano, mas, sem a mesma velocidade, Ferraresi e Luizão poderiam formar uma boa dupla de zaga depois de mais acostumada, novamente, não com nossos laterais que não sabem defender, pois a velocidade de Diego e Léo é providencial para a cobertura deles. Mas, com Rafinha, que fica mais, e Wellington que marca melhor, entendo que essa dupla poderia segurar bem o rojão caso ainda seja necessário rodar o elenco.

 

Miranda, para mim, independente se fica ou não, seria resguardado para cenários de jogo específicos e jogos em que a linha de 3 zagueiros seja compreendida como uma estratégia mais eficiente para encurralar o adversário, uma vez que, descansado, o zagueiro veterano sobra muito jogando na sobra da zaga.

 

Em um cenário de time ideal. O passe do Arboleda, ainda mais somado com a qualidade de passe do Luan, na saída de bola, poderá ser um problema que tenhamos que achar uma compensação para propiciar, porém, essa é uma discussão para uma nova temporada em que, talvez, o elenco do São Paulo mude bastante de característica, inclusive, caso Liziero retorne e Rogério, que me parece ter escanteado Neves e Liziero pela característica no começo desse ano, esteja disposto a rever conceitos e nossa torcida disposta a ser menos chata com alguns jogadores uteis, poderia ser um desafogo para a posição de primeiro volante.

 

Isso no entanto, são ponderações para outra temporada em que, esperamos, o São Paulo não faça uma completa reformulação do elenco, garanta a permanência de peças baratas que são de difícil reposição e que se livre de alguns custos altos que não rendem e não mostram capacidade de render, enquanto se planeja para saída de alguns jogadores, seja esquadrinhando o mercado sul-americano e da Série B, seja olhando para a própria base.

 

De qualquer forma, acredito que o 4-2-2-2, com Jandrei (Felipe Alves), Igor Vinicius, Diego Costa, Léo, Reinaldo; Pablo Maia, Gabriel Neves; Alisson, Patrick; Luciano e Calleri, possa ser nossa melhor escolha para voltarmos a ser competitivos com um meio mais preenchido e maior possibilidade de equilíbrio entre criação e destruição no time, não desconsiderando que a fragilidade dos nossos laterais e a irregularidade de Pablo Maia possam ser problemas que, contudo, não me parecem flertar abertamente com um desastre.

 

Um comentário no Twitter, recentemente, foi respondido diversas vezes por um torcedor que insiste que o São Paulo não tem meio e que, por isso, a linha de 3 seria o que salva o time. Eu tendo a discordar dele baseado no conceito que a impressão que o time não tem meio deve-se, justamente, ao fato de jogarmos com 3 zagueiros em um futebol que quase todo mundo joga com 4 ou 5 no meio de campo, forçando os jogadores de meio a compensarem a ausência com intensidade, o que, com o desgaste físico, tornou-se impossível. Assim, um jogador a mais no meio, mudaria isso.

 

Em suma, com o maior preenchimento do meio, com a possibilidade de Luciano ter sempre com quem dialogar quando saísse para flutuar a buscar jogo, além das opções de infiltração de ambos os meias quando isso acontecesse, o São Paulo, mesmo sem um segundo volante com muita característica de infiltração poderia ter, a todo o tempo do jogo, capacidade de atacar com peso em qualquer um dos 3 setores de ataque com 2 bons finalizadores.

 

De quebra, talvez esse esquema nos propicie usar o melhor de diversos jogadores, afinal, Gabriel Neves foi destaque no Uruguai jogando exatamente assim, enquanto Alisson e Patrick sempre foram mais efetivos nas pontas e flutuando um pouco para o meio, enquanto, jogar absolutamente solto entre meio e ataque me parece o único jeito de extrair o melhor que Luciano tem a nos oferecer, oferecendo várias possibilidades para que voltem a tocar no Calleri.

 

Victor Gabriel Augusto

Twitter: @victor_gaugusto

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