Quando ouvi pela primeira vez o som do VIPER a banda já caminhava para o lançamento do “Coma Rage”, de modo que vivenciei apenas os ecos do espetacular “Evolution”, disco que completa 25 anos de seu lançamento.
Mesmo assim, o impacto que esse disco teve na minha vida foi tão marcante que até hoje continua sendo um dos meus favoritos de todos os tempos.
Evolução
A história do “Evolution” é mais do que manjada. Com pouca idade e dois discos lançados os músicos do VIPER tinham atingido o posto de heróis do metal nacional.
Afinal, não foram dois discos quaisquer: o primeiro, “Soldiers of Sunrise”, apesar da ingenuidade (ou talvez por causa dela) tinha a energia e seguia rigorosamente estética do heavy metal de então e se tornou um clássico do estilo. O segundo, “Theatre of Fate”, manteve a energia, mas aprimorou a forma e o conteúdo, tornando-se uma verdadeira obra-prima.
E um dos grandes responsáveis por esse sucesso era o vocalista André Matos que decidiu, então, deixar a banda.
A decisão óbvia seria buscar um substituto, com características semelhantes as de André Matos e quem sabe fazer um “Theatre of Fate – part 2” e quem sabe repetir o sucesso.
Ao invés disso, o VIPER tomou a arriscada decisão de se tornar um quarteto, com o baixista Pit Passarell assumindo também os vocais.
O resultado foi o bombástico e original “Evolution” que em nada se assemelha ao seu antecessor. A começar pela voz de Pit Passarell. Longe de ser um grande vocalista, Pit supriu isso com uma garra impressionante, como podemos comprovar também no disco ao vivo “Maniacs in Japan”, no qual ele canta algumas músicas dos álbuns anteriores.
Musicalmente, o disco apresenta uma gama sonora consoante a tudo que de melhor se produzia na música pesada na virada para os anos 90. Não é Heavy Metal Tradicional, não é Hard Rock , não é Thrash Metal, mas é ao mesmo tempo um pouco de tudo.”
“Everybody, Everybody…”
As composições são inspiradíssimas, com letras no geral bastante subjetivas.
O disco abre com um furacão chamado “Coming from Inside”, com Pit Passarell gritando com seus característicos “Yeah” que um novo Viper estava nascendo. E Renato Graccia também apresentando o cartão de visitas como novo baterista dá banda.
“Evolution” e seu poderoso riff quase Thrash enterravam qualquer esperança do Viper melódico de outrora.
“Rebel Maniac” é um arrasa quarteirão que levou o Viper ao auge da sua popularidade com seu refrão “Everybody, Everybody…”.
“The Shelter” é outra música fantástica, com um empolgante trabalho de guitarras de Yves Passarell e Felipe Machado.
A dramática “Dead Light” com seus versos antológicos “Love os insanity / impossible to find…” é outro ponto alto do disco.
Falando em dramaticidade, a balada “The Spreading Soul”, certamente figura entre uma das mais belas canções do rock / metal nacional.
“Still the Same” é uma das minhas favoritas com suas linhas de baixo destacadas e sua letra de autoafirmação.
“Pictures of Hate” e “Dance of Madness” são outras ótimas músicas que completam o disco, que traz ainda uma versão de “We Will Rock You” do Queen.
Depois disso o Viper passou por outras fases, com altos e baixos, até a reunião com André Matos para shows comemorativos recentemente.
Mas nada do que aconteceu depois pode tirar o brilho de “Evolution”, disco antológico que merece ser celebrado e reconhecido como uma das grandes obras do rock e metal nacional.