A MAESTRIA DO CAMISA 10

Acervo SPFC

Assim como as orquestras são regidas por um maestro, no futebol também há aquele que se destaca pela genialidade e inteligência. Aquele jogador que por muitas vezes parece reger seus companheiros em campo, que brinca com as ideias e age antes mesmo de pensar.

 

Na geração passada tivemos vários assim. Quem não se lembra de Raí, Kaká, Zidane, Ronaldinho Gaúcho?! E Romário e tantos outros?! Hoje não são muitos, mas há um que ultimamente tem se destacado dos demais: Paulo Henrique Ganso.

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Natural de Ananindeua, Paulo Henrique de Chagas Lima começou sua carreira no Tuna Luso, onde permaneceu de 1996 a 2004. Passou um ano no Paysandu, e em 2005 migrou para o Santos Futebol Clube, onde estreou no profissional em 2008, contra o Rio Preto, pelo Campeonato Paulista.

O início foi difícil, pois seu desempenho não era tão bom, e o mau momento da equipe também não colaborava para que o jogador se destacasse.

Em 2009 conquistou o vice-campeonato do Paulistão, e marcou seu primeiro gol contra o Guarani, na vitória santista por 3×1. Desse dia em diante, Ganso passou a mostrar o que o levou de fato ao futebol.

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O meia se destacou em 2010, sendo campeão mais uma vez do Campeonato Paulista, e também da Copa do Brasil. Bastante elogiado por seu agora bom e leve futebol, foi parar na Seleção Brasileira. Ali começava a lapidar seu posto de “maestro”.

Mas como nem tudo são flores, Ganso sofreu uma ruptura do ligamento cruzado posterior, após uma entorse no joelho esquerdo, precisando ficar afastado dos campos por seis meses, retornando apenas em 2011, quando voltou aos gramados e viu o Santos ser campeão mais uma vez. Mas sofreu mais uma lesão, bem menos grave que a anterior. Com isso, sua participação na Libertadores daquele ano foi bem pequena, e mesmo assim, o meia ajudou a equipe a conquistar o título em cima do Peñarol, do Uruguai.

Em 2012 anunciou que seria pai, além de conquistar seu tricampeonato com o Peixe, pelo Paulista.

Por todo o seu futebol, Paulo Henrique Ganso era o camisa 10 mais indicado para a Seleção, mas as lesões não o permitiram que continuasse em destaque, e ele passou a ser reserva de Oscar, que herdou a posição.

 

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Com tantas coisas desfavoráveis acontecendo, o meia ainda se “desentendeu” com a torcida santista, e em 21 de setembro foi parar no São Paulo Futebol Clube, saindo da Vila Belmiro para o Morumbi, naquela que foi uma das maiores transações por jogadores da história do Tricolor, num valor total de 10 milhões de euros, à época aproximadamente 23,9 milhões de reais.

Com o manto soberano, Ganso estreou em 25 de novembro contra o Náutico, mas seu futebol de longe chegava aos pés daquele que o ex “menino da Vila” por tantas vezes apresentou, em grandes espetáculos com a bola nos pés. Pelo Tricolor, seu primeiro gol saiu em 2013, contra o Atlético Sorocaba, pelo Campeonato Paulista.

O jogador foi importante em muitas partidas, mas seu futebol melhorou apenas com a chegada de Muricy, que sempre fez questão de elogiar o camisa 10.

Completou a marca importante de 100 jogos pelo Soberano no dia 20 de julho de 2014, em amistoso contra o Orlando City, clube que inclusive queria o jogador como parte de seu elenco.

 

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Mesmo sendo apoiado por Muricy Ramalho, Ganso ainda deixava a desejar e não mostrava seu verdadeiro potencial. Com isso, passou anos longe da Seleção, sequer entrando na lista de pré-convocados.

Há um ano, o meia era lento e com certa dificuldade na marcação. Era vaiado, e muitas vezes a torcida até protestava por ele ser um jogador que estava presente em todas as partidas, mas que nada fazia, Ganso passou de papel principal a mero coadjuvante, mas resolveu dar a volta por cima, porque ele é o primeiro a saber do seu potencial. E hoje, um ano depois, Paulo Henrique Ganso novamente rege a orquestra em campo.

Osório, quando técnico do Tricolor, fazia questão de afirmar o quão bom é “Paulo Henrique”. Agora em 2016, Edgardo Bauza também reconhece a importância do atleta e a capacidade técnica e tática do camisa 10, que atualmente vem sendo decisivo em tantas partidas, e que muito faz falta quando não está em campo com seus companheiros.

Em março, o jogador completou 200 jogos pelo São Paulo, e do início do ano até hoje, já fez mais de 6 gols, sendo dois deles nos empates contra River Plate e Trujillanos, pela Copa Libertadores. O meia, além de maestro, tem se mostrado um verdadeiro “garçom”, com um bom número de assistência para os tentos de sua equipe.

Dunga, que por anos achou por bem não convocar o jogador pra Seleção, se rendeu à inteligência e leveza de Ganso em campo, e agora parece querer o “gênio” no meio de seus comandados.

Não se sabe se o técnico canarinho o manterá na lista de convocados, mas que foi uma surpresa para todos a sua pré-convocação, isso foi. A lista definitiva com os nomes sairá na próxima quinta-feira (05), e mesmo que o meio-campista não apareça, ser lembrado por Dunga já é um grande avanço, pois uma hora alguém tem que ceder.

Ganso sempre foi aquele garoto com a capacidade de “ler” o jogo, e apesar de muitas vezes parecer ter esquecido, ainda carrega nos pés aquele tão famoso e conhecido futebol-arte inspirado por Telê Santana.

 

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Hoje, assim como se apresentou por vezes com o Santos, o camisa 10 do São Paulo joga com vontade, raça, força técnica e tática, genialidade. Hoje ele sabe que pode brilhar muito mais, mas não, Paulo Henrique Ganso é o maestro que rege a orquestra, e sabe que seu trabalho é simplesmente colaborar para a preciosidade do espetáculo, que fica ainda mais bonito com o “grand finale” de sua maestria.

 

Renata Chagas

Siga no twitter: @reenatachagas

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