O que a copa ensina aos clubes
Produzir um jogador de destaque não é uma ciência exata. Ao contrário do produtor rural que possui todas as ferramentas, assessoria técnica, insumos e que tem expertise para colher frutos extraordinários destinados a exportação, o clube de futebol necessita do imponderável ao seu lado para ter em seu elenco um grande jogador.
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Além do talento congênito, o jovem precisa ter muita vontade, esforço e o mais difícil: comportamento e mentalidade de vencedor. Juntar todos esses fatores em um ser humano é praticamente um trabalho de garimpo, onde se aproveita desde a pedra preciosa como pequenas lascas de semi-jóias que, ainda assim encontrarão mercado no Brasil ou no exterior.
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Uma seleção e um grande clube possuem mais semelhanças que diferenças. O clube não pode contar com todas as peças e ter a sua disposição os melhores nomes do país. No entanto, a organização, planejamento, preparação e principalmente, o trato diário com o atleta são características comum entre clubes e seleções.
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Tite ao optar pela manutenção do time explorou o lado passional do elenco. Coisas que latinos possuem como marcas de nascença. A racionalidade nas equipes Sul-americanas é rara. O Brasil faz parte dessa casta de seleções onde vencer é algo urgente e necessário, mas sem utilizar a lógica como algo imprescindível à vitória.
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Se substituir Gabriel Jesus por Firmino iria levar o jovem atacante do City a uma depressão e/ou manter Paulinho seria para “recompensar” o esforço do atleta, a seleção brasileira estaria mais para um grupo de apoio a jogadores ególatras do que para uma equipe nacional buscando o título Mundial. É muita passionalidade gratuita.
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Como um Pastor, um preletor, Tite se coloca em uma posição de psicólogo do grupo, o que é louvável e necessário, mas sem aplicar táticas assertivas de jogo valorizando quem está em um período de recuperação “mental” em detrimento de quem está em uma excelente fase técnica. Sem contar a dificuldade que deve ser para trazer bom senso e juízo ao principal jogador do time.
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Neymar se apequenou. Entrou na copa como um astro e sai como um ator canastrão. Sua imagem foi arranhada de tal forma q será necessário muito esforço, títulos pelo PSG e mudança de atitude para que seja novamente visto como um jogador extraordinário. Essa copa foi cruel com os extraordinários. Foi a Copa dos Coadjuvantes.
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Por falar em coadjuvante, o Tricolor pode aprender muito com essa Copa Russa. Aguirre por ser latino é passional? Não, creio eu. Com a volta do Campeonato Brasileiro nossa perspectiva é muito boa. Com um bom elenco e um técnico preparado, o SPFC pode finalmente deixar de ser o coadjuvante que vinha sendo nos anos de JJ e Leco. A diretoria de futebol mostrou nessa parada da Copa q existe um planejamento e organização no clube.
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Sidão continua sendo a grande questão do time. Tem a confiança de Aguirre e dos diretores, sendo que nenhum goleiro foi contratado para a segunda parte do Brasileirão. A permanência de Cueva e Rodrigo Caio é outra incerteza no elenco, assim como a ainda não descartada volta de Hernanes. Minha torcida é q Aguirre possa ter tido um bom aproveitamento desse tempo parado e que tenhamos muitas alegrias daqui para frente.
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Boa semana a todos
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Menos para quem não gosta do VAR