NÃO É HORA PARA FALAR DE TÉCNICO

Acervo SPFC

Não é hora para falar de técnico

Cada um certamente tem sua opinião sobre a demissão de Diego Aguirre faltando cinco rodadas para o término do campeonato. Existem dezenas de razões para defender seu desligamento e também dezenas para o manter no cargo. Eu considero essa discussão inócua e pouco producente.

Antes de falarmos em contratar um novo técnico devemos entender as razões que levaram Ricardo Rocha, Rogério Ceni, Dorival Júnior e agora Aguirre a não atingirem seus objetivos e resultados que os credenciassem a permanecer no time, sob pena de ver o próximo contratado ser demitido nos próximos seis meses.

Se cada um dos citados tem sua história particular, suas teimosias e infortúnios devemos separar o que é subjetivo do que é objetivamente um problema comum enfrentado por todos eles. Como por exemplo a estrutura do Reffis. Inaugurado em 2003, o Núcleo de Reabilitação Esportiva e Fisioterápica do SPFC foi referência mundial em prevenção de lesões, mas passados 15 anos essa realidade se mostra bem diferente. Desde 2017, um levantamento do Globo Esporte somos a equipe paulista com maior número de lesões no Campeonato.

Se é um problema antigo, qual a razão de ainda não ter sido solucionado? Todos sabemos que o elenco não é homogêneo. Os substitutos não são da mesma qualidade técnica dos titulares, portanto a preparação física e a estrutura do Reffis devem ser melhoradas urgentemente. Não possuímos mais uma equipe fixa de preparo físico, preferiram trazer os profissionais das comissões técnicas do treinador contratado. Um grande erro que pagamos a cada mudança de nome.

O preparador físico de Aguirre já foi apontado por Internacional e Atlético-MG como responsável por lesões sérias e seguidas de membros do elenco. No São Paulo não foi muito diferente, visto que diversos jogadores sofrem com problemas físicos e longos períodos de recuperação. Estas matérias de 2015 e 2016, já mostravam isso:

http://globoesporte.globo.com/rs/futebol/times/internacional/noticia/2015/08/inter-questiona-metodo-de-aguirre-e-acelera-parte-fisica-para-novo-tecnico.html

https://esporte.uol.com.br/futebol/campeonatos/brasileiro/serie-a/ultimas-noticias/2015/12/03/responsavel-por-queda-de-aguirre-no-inter-tambem-acerta-com-o-atletico-mg.htm

http://globoesporte.globo.com/futebol/times/atletico-mg/noticia/2017/01/lesoes-carlinhos-neves-aponta-2016-fora-da-curva-e-retoma-preparacao.html

É obvio que Fernando Piñatares não deixou saudades pelos 3 últimos clubes que passou.

O segundo problema é o principal fator de instabilidade do Clube que é a diretoria de Futebol do SPFC. Nomes como Ataíde Guerreiro, Vinicius Pinotti e outros que nem vale a pena citar criaram um ambiente ainda mais hostil nos vestiários tricolores. Com a Chegada de Raí e as contratações de Ricardo Rocha e Diego Lugano, nos parecia ter ocorrido uma pacificação nesse setor. Ainda creio que eles possam desempenhar com sucesso essas funções, apesar do fracasso de Aguirre.

Raí ainda não é o presidente do SPFC. Leco, de maneira oportunista, não se expõe nem para a torcida, nem para a imprensa, mas é ele que contrata e demite no clube. Inclusive jogadores. Portanto, a consolidação do trabalho do trio de ídolos tricolores deve passar, obrigatoriamente, por crises como essa. E a maneira que solucionarão os problemas é que fará a diferença, bem como a continuidade de um, ou de todos à frente da diretoria de futebol.

Por isso Raí & Cia devem se planejar para 2019 tendo em mente a “ideologia” do time que almejam. Integrando os elencos profissionais do CT da Barra Funda com as belas promessas produzidas em Cotia e apontarem:

-Qual o estilo de jogo deverá ser adotado de maneira uniforme nos times do SPFC?

-Como aproveitar esse cenário na próxima temporada, sem interrupções?

-E a pergunta mais importante: Qual o orçamento disponível para o próximo ano?

Detectados e sanados os problemas estruturais, escolhido a forma de jogo padrão do time, definido o orçamento, aí sim seria o momento de pensar no nome que vai substituir Diego Aguirre. Afinal, ficar trocando de técnico a cada seis meses, não participar ativamente do convívio do grupo profissional, não apoiar de maneira enfática as decisões da diretoria de futebol tomadas em conjunto com o treinador poupando medalhões de punições necessárias é a fórmula de 95% dos clubes brasileiros.

Às vezes ocorre uma anomia que leva clubes a campeonatos importantes sob essa égide, mas todos sabemos que não dura mais que uma temporada. Raí tem tudo para ser o grande nome da nova geração de Cartolas tricolores. Sua competência já foi demonstrada, mas não, ainda, consolidada como vencedor. Antes de escolher o novo DT, Raí & cia devem resolver problemas antigos, quebrar paradigmas e trazer de volta a credibilidade ao Departamento de Futebol do único Tri-Mundial Brasileiro.

Boa Semana a todos. Menos ao Ceará. O Super Ceni redecorou o pavilhão do Tricolor Cearense. Parabéns ao Fortaleza!!

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