Falar sobre o São Paulo atual virou algo clichê. Escrever um texto com “Fora Leco”, “Fora Diniz”, “Fora Tudo e todos” é lugar comum. Saber escalar times com as opções do elenco, debater sobre os esquemas táticos e jeito de jogar contra determinados adversários, virou outra grande mania dos tricolores.
Normal para um time gigante. Uma torcida acostumada a ser protagonista de todos os campeonatos que disputava finais, que comprava uma camisa nova todo ano para guardar os patchs dos títulos conquistados. Se acostumar com uma realidade de coadjuvante, de frequentar Zonas de Rebaixamento e assistir os rivais comemorando vitórias clássico após clássico, não é nada fácil para o são-paulino.
A questão é que agora é que até mesmo o quarto lugar no estado de São Paulo e a disputa pelo Brasileiro estão ainda mais ameaçados. Com a ascensão do Red-Bull de Bragança, o SPFC está ainda mais coadjuvante do que nunca. Enquanto os clubes se profissionalizam, nosso clube continua parado no tempo, sem planejamento e gestão tolhido por um grupo de incompetentes que acreditam na magia de dirigentes toscos e ex-ídolos ultrapassados.
O Red Bull chegou à elite do Futebol Brasileiro e não está para brincadeira. O orçamento da instituição será de aproximadamente R$ 200 milhões, e com as contratações certas, pode surpreender na primeira divisão nacional. Assim como os outros clubes da Red Bull espalhados pelo mundo, haverá uma política para a chegada de atletas. O projeto buscará atletas com idade entre 20 e 25 anos, que possam evoluir seu futebol e gerar uma boa negociação futura aos cofres do Bragantino.
A concorrência da Nova Ordem Econômica, finalmente chegou no Futebol Brasileiro.
O que vemos atualmente, não apenas no São Paulo FC, mas na maioria dos grandes clubes brasileiros, é uma gestão pessoal ou de um grupo de interesse no futebol. Não há nada mais que interesses de umas poucas pessoas, suas subsistências, seus enriquecimentos individuais em contraponto ao interesse do clube e da torcida. Mas isso tende a mudar.
Aqui segue um link, para entender melhor as possibilidades que virão, caso o Congresso aprove a Lei do Clube empresa: https://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/saem-clubes-entram-empresas-entenda-o-que-pode-mudar-no-futebol-brasileiro-ainda-em-2019.ghtml.
Uma grande empresa que possui um dono ou acionistas não rasga dinheiro. O interesse desse modelo de clube empresa é o lucro, sem dúvida. Mas para conseguir esse objetivo, títulos e formação de grandes craques são indispensáveis. Assim como cadastros de sócios, negociações de marketing, venda de artigos licenciados, turismo internacional entre outras fontes de receita.
O torcedor terá que se acostumar com termos como “Board” em substituição ao Conselho Deliberativo, ou “CEO” que substituirá o Presidente. Nada ocorrerá fora do “Budget”, o famoso orçamento de gastos. Mas o termo mais esperado para o futebol brasileiro leva a singela sigla de “IPO” (Initial Public Offering) é uma sigla para Oferta Pública Inicial (ou OPI). Como o próprio nome diz, é quando uma empresa vende ações para o público pela primeira vez.
Existem as ofertas primária e secundária, mas isso para um outro momento.
Ou seja, o Clube se tornaria uma S/A, sujeita a todos os regramentos da CVM (Comissão de Valores Nacionais) e seus dirigentes, obrigatoriamente, teriam que tornar todos os seus atos transparentes e geridos dentro da ética legal e econômica, sob pena de prisão e ações cíveis.
Mas qual a vantagem de se tornar uma S/A?
A vantagem é que isso significa que se pode atrair muito mais capital para crescer. É uma maneira inteligente e eficaz do clube obter dinheiro suficiente para investir no elenco, estrutura e marketing, atraindo assim mais investimentos,
Lucro para os acionistas: Para os acionistas que investirem em ações de determinado clube, as variações dos preços das ações podem conferir lucros acima de investimentos ortodoxos. Bem como, caso haja lucro na operação, certos tipos de ação possuem o direito de receber dividendos.
Atração de melhores profissionais: O IPO também pode permitir que as empresas atraiam os melhores talentos oferecendo a opção de receber ações. Elas podem pagar um salário menor a esses primeiros executivos com a promessa de que eles podem ter um retorno substancial na abertura de capital.
Transformar patrimônio em dinheiro é outro benefício para o clube empresa que possuam patrimônio inerte. Eles ganham liquidez em poder oferecer suas ações no IPO ou em outros momentos pela Bolsa.
Aí você me pergunta:
-Por que já não fazem isso, então?
E eu te respondo com outra pergunta:
– Você conhece algum dirigente de futebol, no Brasil, disposto a seguir as regras e sofrer as penalidades que o mercado de capitais impõem?
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