Humberto Gessinger é sem dúvidas um capítulo à parte na história do rock nacional. Nos anos 80, à frente dos Engenheiros do Hawai, “rivalizava” com Cazuza e Renato Russo pelo posto de “poeta” do rock nacional, tendo composto dezenas de hinos que marcaram gerações.
Curiosamente, enquanto Cazuza e Renato são celebrados com shows tributo, cinebiografias e até hologramas, Humberto Gessinger, que felizmente segue “em carne e osso”, escrevendo e gravando material de ótima qualidade tem atualmente espaço bastante reduzido em termos de mídia.
Deixando de lado a nostalgia, a seguir traço algumas linhas sobre os dois mais recentes trabalhos de Humberto Gessinger: o álbum “Insular”, que contém apenas canções inéditas, e o livro “Seis Segundos de Atenção”.
Insular
Poucas vezes o título de uma obra definiu tão bem o seu autor. Nenhum outro termo senão “insular”, que refere-se à ilha, poderia caracterizar melhor o atual momento da carreira de Gessinger, remanescente de uma era de ouro que dificilmente será igualada, e ao mesmo tempo dar a dimensão introspectiva que marca esse seu álbum solo.
“Insular” abre com a breve faixa “Terei Vivido” (uma vinheta acompanhada por baixo e metrônomo) que é seguida por “Sua Graça”, uma faixa eletroacústica com uma letra de fácil assimilação e ‘trocadilhos gessingerianos’. ‘Bora’, é uma das faixas mais rockers do álbum. “A ponte para o dia” segue a mesma levada pop rock de “Sua Graça”.
“Tchau Radar” começa meio deprê mas se desenvolve em uma power ballad com um ótimo solo de guitarra e vocalizações bem interessantes, sendo uma daqueles canções que pode causar estranheza a princípio mas cuja impressão final tende a ser surpreendentemente boa.
“Tudo está parado” é uma faixa que cativa pela sua simplecidade e pelo inteligente jogo de palavras. “Recarregar” é mostra o lado regionalista de Gessinger com direito a acordeom e tudo mais. “Milonga do xeque-mate” é uma canção muito bem trabalhada onde enriquecida pela guitarra do renomado guitarrista Frank Solari.
A faixa título é uma vinheta que serve como introdução para a balada acústica “Prenda Minha”. Já “Segura a onda ,DG” é uma canção “zecabaleirística” inspirada no clássico “O retrato de Dorian Gray”, do escrito Oscar Wylde. “Plano B” traz o rock’n’roll de volta e encerrar o álbum com citações de todas as outras faixas.
Embora possa decepcionar quem esperasse um álbum mais ‘rockeiro’, “Insular” destaca as principais qualidades de Gessinger, que são a sensibilidade e maestria de um verdadeiro ‘engenheiro das palavras’.
“Seis Segundos de Atenção”
Complementando o lançamento de “Insular”, temos o livro “Seis segundos de atenção” no qual Humberto Gessinger mostra o seu lado cronista, fazendo observações sobre temas cotidianos que vão do futebol ao fazer artístico, às vezes misturando-se.
O livro baseia-se na experiência de Gessinger com o seu blog http://blogessinger.blogspot.com.br/ mas não é a primeira obra publicada por ele, que já tem outras 5 obras publicadas, incluindo um livro sobre o Grêmio (daquele série feita para crianças e que teve o do São Paulo FC escrito pelo ilustre Nando Reis) e a autobiografia “Pra Ser Sincero”.
Humberto Gessinger e o atual momento do rock nacional
Como bônus, deixo aqui um vídeo que gravei durante uma sessão de autógrafos com Gessinger aqui na minha cidade e no qual ele fala sobre o atual momento do rock nacional:
Com composições maduras e criatividade a todo vapor Humberto Gessinger ainda tem muito a dizer e merece muito mais que 6 segundos de nossa atenção…
Jean Miranda
Twitter: @jean_miranda – http://twitter.com/jean_miranda
Mais sobre Futebol e Rock’n’Roll também no meu blog: http://blog-na-mira.blogspot.com.br/