Clube da Fé

Reinicio

 

Os primeiros anos de vida do novo São Paulo Futebol Clube foram muito difíceis. O elenco inicial foi formado, basicamente, por jogadores da periferia da capital e do interior do estado, recrutados por Porphyrio da Paz ou por intermédio de anúncios em rádios. O Presidente Manoel do Carmo Mecca foi até Curitiba contratar as únicas exceções: José, Segoa e King, o gigante goleiro que se consagraria no clube.

Nos Campeonatos Paulista de 1936 e 1937, nenhum grande feito ou posição foi obtido. O time ainda engatinhava.

Sem posses patrimoniais, o São Paulo jogava em campos alugados de clubes vizinhos. Seus treinamentos não ocorriam em locais fixos, quando muito tomava um campinho de várzea emprestado até o retorno de seus proprietários (Campos na Rua Anhaia, Várzea do Glicério e Itaim Bibi são exemplos).

Quando não era possível, a equipe são-paulina treinava nos fundos da Igreja da Consolação, então sob responsabilidade do Monsenhor Francisco Bastos, um dos re-fundadores do clube. Em verdade, a Igreja servia também de concentração, pois o padre prendia os jogadores lá dentro, em véspera de jogos, para evitar as tradicionais escapadas noturnas.

O clube em si ganhou sua 1ª sede em 25 de janeiro de 1936: um porão alugado na Praça Carlos Gomes, nº 38. O local era tão pequeno que, em reuniões, era necessário haver revezamento entre os presentes. Um ano depois, nova e breve sede, no famoso Edifício América (Martinelli), 11º andar, onde o clube ficou por no máximo dois meses. Curiosamente, ali havia nascido o Grêmio Tricolor, um dos alicerces que não deixaram o SPFC desaparecer em 1935.

Em março de 1937 o clube se mudava para a Av. São João, 1001, 1º andar, onde hoje é a Praça Júlio Mesquista, nº 105. O pavimento alugado junto à firma Ortiz e Gutierrez viu nascer, ali, sob as mãos de Manoel Raymundo Paes de Almeida, o Grêmio São-Paulino, posteriormente conhecido como TUSP: a primeira torcida organizada do Brasil.

Por essa difícil jornada, cheia de percalços, mas repleta de empenho e perseverança, é que Thomaz Mazzoni, batizou o novo São Paulo FC como “O Clube da Fé”. Em suas palavras, datadas de 21 de julho de 1937:

“Recentemente, surgiu o São Paulo FC Júnior com as mesmas pretensões do antigo. Se o novo São Paulo veio ao mundo da bola sem os haveres, fama e prestígio dos seus antepassados, trouxe a maior das riquezas: a fé no seu destino, o amor ao seu hoje. Somente a fé poderia levar o atual Tricolor a nascer como um clube varzeano qualquer e tornar-se logo uma agremiação no caminho reto do progresso do futebol superior. O Clube da Fé, como merece ser chamado o atual São Paulo FC, está se encarregando de.”

Fonte:

http://www.saopaulofc.net/spfcpedia/a-historia-do-spfc/reinicio/