Em 1976, Renato Russo era apenas o Júnior, e duas das mais importantes bandas do rock nacional, Legião Urbana e Capital Inicial, estavam ainda para nascer. A história desse bando de garotos de Brasília, revoltados com a moral familiar e os problemas políticos do país, é contada em “Somos Tão Jovens”, que estreia hoje.
“O bonito do filme é essa adolescência em busca de algo”, disse, em entrevista coletiva, o diretor Antonio Carlos da Fontoura.
Tirado da música “Tempo Perdido”, do Legião, o título do longa já indica que Renato Russo é o personagem central. Ele ofusca os demais músicos e aparece como a figura mais importante do rock brasiliense.
Thiago Mendonça, que já tinha se aventurado na música em “2 Filhos de Francisco”, teve que aprender a tocar violão e treinar a voz para viver o protagonista.
“Aprendi três ou quatro acordes”, brincou o ator, sobre as não tão complexas melodias do Legião.
A atuação de Mendonça é o ponto mais marcante da produção, que por vezes se mostra didática demais ao tentar explicar, por exemplo, o movimento punk.
Os cacoetes de Renato, que poderiam soar caricatos, aparecem aqui de maneira sutil, e ajudam a tornar a semelhança do ator com o retratado impressionante.
“Quis humanizar o Renato, tirá-lo desse lugar mítico em que muita gente o coloca”, comentou Mendonça, que, em performances gravadas ao vivo, expõe também tom parecido ao do cantor.
“Renato ficaria impressionado com a atuação do Thiago”, elogiou Dado Villa-Lobos, ex-guitarrista do Legião.
Tanto Dado como o ex-baterista do grupo, Marcelo Bonfá, ajudaram dando depoimentos sobre a época. Nas telas, o guitarrista é vivido por seu filho, Nicolau.
“Ficção e realidade”
“O filme é amarrado em fatos, mas alguns deles são mesclados à ficção”, falou o diretor, sobre a presença de personagens como a jovem Aninha (Laila Zaid).
“Sintetizamos todas as amigas de Renato nela, que é ‘Uma Menina Que Me Ensinou Tudo”, afirmou Fontoura, citando a música do Legião, que no filme é feita pelo cantor para a amiga.
Outros hits da banda são inseridos de maneira óbvia e preguiçosa, como os garotos indo a uma “festa estranha com gente esquisita”, como em “Eduardo e Mônica”.
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Fonte: Kiss FM