PARA VOLTAR A SER SÃO PAULO; POR DANIEL PERRONE

Acervo SPFC

 

No final de 2013, após o até então pior ano da história do SPFC, o Tricolor On The Rock fez uma série de entrevistas com os são-paulinos mais influentes segundo nossa e equipe. Essa série se chamou: “Meu Tricolor em 2014″.

Pois bem, estamos aqui mais uma vez, após um ano em que mais uma vez o clube esteve perto de cair para a série B e a única coisa que o torcedor tricolor pode “comemorar” é o famoso: Time Grande Não Cai. Mais uma vez vamos fazer uma série de entrevistas, mais uma vez vamos convocar os tricolores para debater nosso SPFC em busca de sugestões de quem ama o clube. E alguém ama mais que o torcedor? Não.

O entrevistado de hoje é: Daniel Perrone, ex-blogueiro por dez anos do Globoesporte.com gestor do blog São Paulo Sempre e atual integrante do Fanáticos, programa do Esporte Interativo, vamos às perguntas:

TOTR: Quem foi o grande responsável pelo péssimo ano do Tricolor e por quê?

Perrone: Bato sempre nessa tecla. Não existe um grande responsável. O clube é muito grande e uma série de fatores internos e externos deixaram o São Paulo nesse ciclo sem títulos. As dívidas com juros altíssimos adquiridas dez anos atrás, o terceiro mandato de Juvenal, as intensas brigas políticas dos grupos no clube e a falta de um padrão no futebol pós Muricy, aliado aos rivais se reforçando com estádios e boa gestão nos colocaram na situação que estamos.

TOTR: Qual o principal motivo para o SPFC estar nessa situação? Elenco caro, bons treinadores, mas que; desde 2013 com exceção ao bom trabalho de 2014, vem colecionando fracassos e flertando com a segunda divisão?

Perrone: Vamos dividir futebol do clube. No futebol, a falta de uma afirmação de padrão de trabalho e filosofia de jogo atrapalham muito mais que a contratação dos jogadores. Tínhamos uma boa infra-estrutura com Carlinhos Neves, Rosan e Turíbio, além da filosofia de Muricy, que bem ou mal nos deu títulos. Abrimos mão de tudo isso e alternamos muito de profissionais e estilos de jogo. Osorio e Bauza são completamente diferentes, não tem sentido a contratação de um tão próximo ao outro. Deste modo perdemos a identidade de jogo que tínhamos.

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TOTR: Rogério Ceni iniciou o ano com técnico do SPFC, mas não suportou as eliminações no Paulista, Copa do Brasil, Sul-americana e o Z4 no Brasileiro; você acha que era a hora de Ceni? Como analisa o trabalho dele no comando tricolor?

Perrone: Se o futebol estivesse estruturado como a dez anos atrás, o Ceni poderia treinar o time normalmente e ir atrás dos resultados. Aliás era essa a previsão, que ele estruturasse o futebol. Mas a pressão por títulos e problemas internos não permitiram seu desenvolvimento no clube.

  

Totr: Para alguns torcedores um dos erros da direção é a constante mudança de treinadores, você concorda com essa afirmação? Sobre Dorival, você acha que ele deve ser mantido ou deve sair? Se sair, quem você contrataria?

Perrone: Concordo. Eu acho que Dorival deve ficar para implementar o seu sistema e sua filosofia. É justamente isso que precisamos neste momento: continuidade.

Totr: O elenco tricolor está entre os mais caros do país e conseguiu apenas a 13ª campanha no Brasileiro além de eliminações no Paulista, Copa do Brasil e Sul-americana; levando em conta que times com orçamentos mais baixos conseguiram resultados importantes, qual você acha que deveria ser a política do São Paulo? Salários altos, jogadores baratos, apostar na base?

Perrone: Esse ano foi absolutamente atípico e eu acho que quem vencesse teria enorme dificuldade de levar os primeiros meses. Tivemos eleições em abril, novo estatuto, mudança de técnico, vendas para não deixar de pagar a folha salarial… O Flamengo passou por isso anos atrás e melhorou. Espero que o que a gente tenha passado em 2017 seja um “mal necessário” para não passarmos mais nos próximos anos.

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Totr: Qual o setor ou setores que em sua opinião nosso time mais precisa de reforços?

Perrone: Todos os setores. Precisamos de mais um goleiro, dois laterais, um meia e um atacante. Isso se não vendermos ninguém. Temos que manter essa base que foi bem no segundo semestre. Sou a favor de emprestarmos alguns atletas da base como o Lucas Fernandes ou o Shaylon (um dos dois) como fizemos com Hernanes dez anos atrás. Brenner deve ser a primeira opção para o ataque mas não pode ser a única. A temporada é longa.

TOTR: Existe informações de que a atual administração estaria pagando as dívidas do clube com austeridade e vendendo jogadores, você tem alguma informação nesse sentido? Como você vê essa política? Esse é o caminho certo?

Perrone: Estive na reunião com os diretores e torcedores e o diretor financeiro deixou claro que a dívida deste ano diminuiu de 170 milhões para 50 milhões. Ele também prometeu que o clube divulgará balanços trimestrais mais ‘mastigados’. O caminho certo para o torcedor (me incluo nessa) é sempre a conquista de títulos, mas não dá para desvincular isso de uma gestão austera com as finanças. Vou torcer para que tudo que o diretor financeiro remunerado falou seja verdade. É o que dá para fazer.

 

Totr: Por último, quais as suas expectativas em relação ao time para 2018?

Perrone: Se manter a espinha dorsal do time titular, se reforçar pontualmente e alguns jogadores crescerem de desempenho dá para acreditar em título para 2018. Mas uma coisa eu creio piamente: o ano que vem certamente será melhor que este ano.

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