Primeiros Alicerces

Morumbi

As obras que ergueram o Estádio do Morumbi foram iniciadas em julho de 1953, com o começo da terraplanagem do terreno. Até então, a fonte de recursos majoritária era o empréstimo de Cr$ 5.000.000,00 junto à Caixa Econômica Estadual.

Pouco depois, Amador Aguiar, dono do Banco Bradesco, intermediou em favor do SPFC um contrato de direitos exclusivos para a venda de produtos dentro do futuro estádio com a Companhia Antárctica Paulista. A cervejaria concederia Cr$ 5.000.000,00 ao Tricolor por 10 anos de exploração comercial no Morumbi (com opção de prorrogação por mais cinco).

Com fundo em caixa, o São Paulo garantia os primeiros estágios de seu grande projeto. Em dezembro de 1953, a terraplanagem foi finalizada, ao custo total de Cr$ 3.270.396,00. Em 1954, o estaqueamento e a construção das fundações do Estádio, com 144 túbulos pneumáticos de suporte de carga para 700 toneladas cada.

Ao mesmo tempo é assinado o contrato de construção de uma galeria de águas pluviais, no valor de Cr$ 2.410.279,00, para canalizar o córrego Antonico, que ainda hoje corta os subterrâneos do Morumbi. Além desses serviços, outros foram solicitados com o decorrer das obras. O clube gastou Cr$ 11.180,90 em madeira e tábuas, Cr$ 1.040.643,00 em ferro, Cr$ 15.200,00 em cimento e Cr$ 9.904,00 em pregos e arames.

Para custear a aquisição destes materiais o São Paulo promoveu campanhas de vendas de souvenires (como o famoso LP Bola no Barbante, em que Hebe Camargo é um dos destaques) e de doação de cimento – esta famosa, chegando a mobilizar cidades do interior do Estado. A exploração de propaganda no canteiro de obras foi outra medida utilizada.

Ainda em 1954, o clube altera o modelo original de Vilanova Artigas, após a transferência de seus direitos de propriedade sobre o projeto. As medidas tomadas trariam um ganho 30% de capacidade de público, comportando 156 mil pessoas. O maior estádio particular do mundo, com sobras.

O São Paulo então reformula sua atuação na venda de cadeiras cativas. Repassa a direção da promoção a Oswaldo Molles e à Rádio Bandeirantes. Produtor de Rádio e TV, Oswaldo desenvolve o personagem S.O. (sigla para Sócio-Olímpico, ou seja, sócio dono de cadeira cativa) que se tornou um sucesso, aumentando consideravelmente as vendas.

Em sua campanha, as cativas eram vendidas, em média, a Cr$ 20.000,00 cada. Até sua inauguração, em 1970, o SPFC vendeu 12.000 cadeiras, representando uma receita aproximada de Cr$ 240.000.000,00, desconsiderando correções monetárias e a inflação. Somente o ídolo Poy, verdadeiro garoto propaganda, vendera pessoalmente 8 mil dessas cadeiras.

Grande chamariz, as cativas foram cruciais não somente para a construção do Templo, mas também para o modo como fora construído. Preferiu-se erguer o Morumbi por seções, que compreendiam três níveis de arquibancadas, ao invés do tradicional “primeiro a camada inferior, depois a superior”. Afinal, quando uma seção fosse finalizada, poderia ser capitalizada em ações de publicidade e suas cativas entregues a seus donos.

Antes das obras realmente pesadas, de elevação das arquibancadas, as últimas construções de base foram realizadas. Em abril de 1955, o sistema de drenagem foi entregue, ao preço de Cr$ 4.382.437,00. No decorrer do ano ainda foram construídos os túneis, o fosso, a rede de irrigação e a da arquibancada térrea, tudo ao custo de Cr$ 6.010.400,00.

Muitas solenidades marcaram o ano de 1956. Em 24 de janeiro, o Conselho Deliberativo batiza oficialmente o Morumbi: Estádio Cícero Pompeu de Toledo, em homenagem ao seu grande idealizador. No dia seguinte, celebra-se a Festa do Jequitibá. Nessa cerimônia foi plantada uma árvore em terra provinda de todos os municípios do Estado, representando assim a união do povo paulista por seu estádio.

Tudo era motivo de festejo e, claro, de publicidade. Então, em agosto, o São Paulo inaugura o gramado, com festa e churrasco oferecidos à imprensa. Nessa estreia surgiram as primeiras traves redondas do Brasil. Foi nessa época que o Tricolor adquiriu seu primeiro trator, para cuidar da grama. Na verdade, trocaram a máquina pelo passe de um jogador…

Fonte:

http://www.saopaulofc.net/spfcpedia/a-historia-do-spfc/morumbi/

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